Vizinhos do desperdício: na Baixada sobram vazamentos e falta água

Cíntia Cruz

17/06/2019

 

Litros de água são desperdiçados. Essa é a realidade em pelo menos quatro das maiores cidades da Baixada Fluminense. E, no bairro Vila Rosali, em São João de Meriti, o vazamento chega a afetar a rede de abastecimento e dezenas de famílias estão com as torneiras secas. Resultado: como o problema não é resolvido, moradores pegam água no própio local do vazamento.

É o que tem feito o ajudante de refrigeração Anderson Marinho, de 43 anos. Com garrafas e baldes, ele se dirige ao vazamento no cruzamento da Rua Dr. Mário Cabral com a Avenida Fluminense.

— Da Avenida Fluminense para cima, os moradores da Mário Cabral estão sem água há um mês. Não tem nem para cozinhar. A gente está pegando aqui — conta Anderson.

No local, segundo moradores, uma válvula quebrou e a Cedae não trocou a peça. Como um buraco fica aberto, algumas crianças chegam a se banhar no local.

— As pessoas podem até ser atropeladas. Essa água acaba se misturando com água de chuva. Ela não está pura. Eu tenho hidrômetro, pago conta e ainda tenho que pagar R$ 400 por um caminhão-pipa? — questiona, indignado, o aposentado Almir Marinho de Oliveira, de 66 anos.

No bairro Caonze, em Nova Iguaçu, um vazamento de um mês também virou motivo de preocupação para os moradores da Rua Padre Dinart Passos. Sem resposta da Cedae, um deles chegou a tentar resolver o problema por conta própria.

— Ligamos para a Cedae duas vezes, e percebemos que começaram a estourar vazamentos em outros lugares. Um vizinho trouxe uma pessoa para resolver, mas não conseguiu. E isso vai abalando a estrutura das casas, pois vaza para dentro do solo — diz a cabeleireira Elisângela Souza, de 48 anos.

Em Duque de Caxias, no Parque Duque, o vazamento é na esquina das ruas Floriano de Godói e Xavier Pinheiro. A auxiliar de governança Jandira Elias dos Santos Marques, de 59 anos, revelou que o vazamento já foi denunciado à Cedae mais de dez vezes.

— Há três meses, teve uma obra de asfalto aqui para tapar buraco. Há um mês, começou o vazamento. Os vizinhos ligaram e reclamaram. A Cedae mandou um carro. Os funcionários olharam e foram embora. Dá pena de ver uma água tão limpa indo embora assim — lamenta Jandira.

Parque São José: vazamento e crateras na pista

Em Belford Roxo, na Avenida Automóvel Clube, no Parque São José, além do vazamento de água, moradores reclamam ainda dos diversos buracos na pista.

— O vazamento já está há quase uma semana lá — revela um morador que, com medo de represálias, prefere não se identificar.

Dos municípios citados, apenas Nova Iguaçu informou dados sobre os vazamentos. De acordo com a administração municipal, há cerca de 60 buracos provocados por vazamentos da Cedae na cidade.

Em nota, a companhia informou que enviaria equipes neste fim de semana aos locais informados nas cidades de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti. Em relação a Belford Roxo, a companhia disse que o serviço de reparo está programado para esta semana.

Apesar de ter sido questionada sobre a quantidade de vazamentos de água na Baixada Fluminense este ano, a companhia não informou o número de registros desse tipo de problema na região.

 

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