Falhas no serviço expõem a concessionária Cedae

Por Jonas Feliciano – 19/07/2019 – 15h30

Desde o último sábado (14), um vazamento de água preocupava os moradores da Rua Canavieiras, no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio. Na verdade, o problema ocorria em dois pontos próximos de uma mesma calçada. Até a chegada dos técnicos nesta quarta-feira (17), foram cinco dias para que a empresa aparecesse no local. Entretanto, de acordo com os residentes, o contato já havia sido realizado desde a constatação do problema, e a concessionária teria dado um prazo de 48 horas para a resolução. O período não foi cumprido.

A demora no atendimento gerou o desperdício de uma grande quantidade de água. Assim como, revela a falha no serviço não apenas no bairro, mas em diversos outros pontos da capital. Em vários grupos de bairro no Facebook, usuários apontam problemas semelhantes. Na plataforma Reclame Aqui, nos últimos seis meses, a Cedae já possui um total 1.445 reclamações. Segundo os consumidores, a concessionária também possui uma avaliação ruim.

Nice Carvalho é a presidente da Associação de Moradores do Grajaú. Ela comentou sobre o assunto.

“A Cedae sempre sinaliza alguns indicadores de economia para os seus usuários como manter torneiras fechadas, cuidar de vazamentos, usar a descarga conscientemente. Em contrapartida, nosso bairro nunca sofreu tanto com descompromisso de uma companhia. Vazamentos de água limpa brotam pelas ruas do Grajaú. São verdadeiros rios. Como educar a população, se não respeitam o direito dos moradores? O maior absurdo é a cratera da Rua Comendador Martinelli, onde a Cedae não consegue nem ao menos se afinar com a Prefeitura em um cronograma resolutivo”, lamentou Nice.

Rua Canavieiras  / Imagem: Jonas Feliciano 

Vale destacar que as críticas ao serviço da empresa vão além da quantidade de vazamentos espalhados pelo município. Outras falhas como falta de água e cobrança indevida também estão na lista de reclamações. No primeiro semestre deste ano, a concessionária já tem registrado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), 148 processos em 1° instância, 300 reclamações nos Juizados Especiais, oito em Fazenda Pública e mais 11 ações promovidas pelo Ministério Público no âmbito criminal.

Desperdício comprovado

Imagem: Jonas Feliciano 


No último painel de saneamento do Instituto Trata Brasil, que foi realizado em 2017, a cidade do Rio de Janeiro consumiu 660.085 metros cúbicos de água. Esse valor revela que, naquele ano, cada pessoa usou 283 litros diários. Além disso, cerca de 5.824.344 pessoas da população total da capital fluminense tinha acesso à água, ou seja, 91,1% dos habitantes. Ainda segundo o mesmo estudo, 32,8% do que foi fornecido acabou sendo desperdiçado. Tais perdas estão relacionadas principalmente com as falhas no abastecimento como, por exemplo, os vazamento nas ruas.

Em junho de 2019, o Trata Brasil revelou que o desperdício de água potável no país seria suficiente para abastecer 30% da população brasileira por um ano. Neste novo estudo, o Instituto mostrou que vazamentos, furtos, erros de leitura do hidrômetro e outros problemas causaram um prejuízo acima de R$ 11 bilhões, em 2017.

O que diz a Cedae

Diante dos dados, a reportagem do Portal Eu,Rio! procurou a CEDAE para tentar esclarecer os motivos que podem dificultar o cumprimento dos prazos estabelecidos inicialmente na resolução de problemas, bem como se a concessionária realiza algum tipo de programação em relação as suas responsabilidades ambientais.

Em nota, a empresa informou que a atual gestão da companhia está atuando e tomando medidas para garantir a melhoria dos serviços prestados para a população. Para isso, notificou, multou e afastou a empresa de manutenção contratada em 2018 que não estava atuando de forma satisfatória.

Ainda segundo a Cedae, desde junho, mais de 500 homens atuam em diversas frentes para resolver o passivo acumulado. A meta é realizar o atendimento de demandas em menos de 48 horas ainda em 2019.

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