Após eleição, cabo eleitoral de Wilson Witzel passa a trabalhar na Cedae

Nas redes sociais, Marcos Rodrigues de Castro postou diversas fotos com o governador, durante a campanha. A empresa alega que ele integra os quadros de uma terceirizada que presta serviço para a estatal

Por Maria Luisa de Melo

Publicado às 06h00 de 28/06/2019

A crise da nova gestão da Cedae, sob a batuta do presidente Hélio Cabral, ganhou um novo capítulo. Depois das demissões de 54 funcionários, em março, prestadores de serviço denunciam a entrada de cabos eleitorais de Wilson Witzel para compor a equipe administrativa, através de empresas terceirizadas. É o caso de Marcos Rodrigues de Castro. O morador de Duque de Caxias suou a camisa durante a campanha, no ano passado. Bandeirou e abordou eleitores em agendas por todo o estado, incluindo as populosas praças da Central do Brasil e da Feira de São Cristóvão. Depois, foi empregado no terceiro andar do prédio-sede da empresa, na Avenida Presidente Vargas. No Facebook de Marcos não faltam fotos com o governador. Marcos transmitia a agenda de campanha de Witzel quase em tempo real. Nas imagens, aparece coladinho e orgulhoso também ao lado da hoje primeira-dama do estado, Helena Witzel. Procurada, a Cedae alegou apenas que Marcos de Castro cumpre suas funções como funcionário de uma terceirizada.

HÉLIO CABRAL NÃO PRESTA INFORMAÇÕES

Depois das 54 demissões em março (a maior parte de engenheiros com 40 anos de carreira na estatal), a Alerj realizou uma audiência pública. Na ocasião, contam deputados, o presidente da empresa, Hélio Cabral, se comprometeu a prestar informações sobre o impacto das dispensas. Mas, até agora, nada! Ontem, em plenário, o presidente da Comissão de Saneamento, Gustavo Schmidt (PSL) cobrou. “Passados 60 dias, não protocolou e já vai pedir mais 60”, disse. A empresa alega que “responderá dentro do prazo”.

 

 

Com crise e mudança no marco legal, Witzel já pensa em privatizar Cedae

Ao longo da campanha eleitoral em 2018, o então candidato ao governo do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) repetiu insistentemente que não estava nos planos privatizar a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), mas agora, eleito, o ex-juiz federal vem repetindo insistentemente que pretende vender integralmente a estatal. Por detrás da mudança de posição está, em grande parte, uma pressão financeira crescente, mas também a perspectiva de uma flexibilização no marco regulatório do saneamento básico com potencial para alavancar o valor de mercado da estatal.

Em relatório com data de segunda-feira passada, o Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal – formado por representantes do Ministério da Economia, do Tribunal de Contas da União e do próprio Estado – classifica como “insatisfatória” a condução do processo que visa a privatização da Cedae. A venda da estatal à iniciativa privada foi uma das condições impostas pela União para viabilizar o socorro financeiro ao Estado do Rio, dentro do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

O relatório do conselho de supervisão aponta “atraso de pelo menos nove meses” no cronograma de execução do contrato entre o governo do Estado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o consórcio responsável pela modelagem do processo de desestatização da Cedae. O governo federal tem interesse especial na venda da companhia por ser garantidor final de um empréstimo de R$ 2,9 bilhões concedido pelo banco BNP Paribas em 2017 ao Estado do Rio.

Caso o governo fluminense não quite o financiamento, com vencimento em dezembro de 2020, a União teria direito a até 50% das ações da Cedae. Uma forma de evitar a alienação dos papéis seria o Tesouro estadual quitar o empréstimo, cujo valor chegaria a R$ 4 bilhões com a inclusão de juros e encargos.

“No momento, não dá para ele [Witzel] dizer nada diferente de que vai vender”, resume uma fonte que acompanha o desenrolar do processo, referindo-se ao compromisso representado pelo Regime de Recuperação Fiscal.

Com receita operacional bruta de R$ 5,62 bilhões e lucro líquido de R$ 832,3 milhões em 2018, a Cedae poderia render até R$ 30 bilhões ao governo fluminense no caso de uma mudança regulatória que possibilite às empresas privadas prestarem serviços de saneamento básico por meio de contrato de concessão, estima fonte próxima ao governo estadual, reconhecendo que a projeção é “extremamente otimista.”

A cifra parece pouco factível quando comparada ao valor de mercado da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), na casa de R$ 32 bilhões. A companhia paulista atende 366 municípios e fechou o ano passado com um lucro líquido de R$ 2,83 bilhões.

Em 6 de junho, o Senado aprovou em regime de urgência um projeto de lei que, entre outros itens, prevê a realização de licitações em blocos de municípios para prestação de serviços de saneamento básico. Ao permitir a junção num mesmo bloco de cidades mais e menos rentáveis, a nova regulação geraria ganhos de escala e ampliaria a viabilidade técnica e econômica do saneamento como negócio no país, explica Sebastián Butto, sócio-diretor da consultoria em regulação Siglasul.

A possibilidade de empresas privadas prestarem serviços de saneamento por meio de contrato de concessão pode, em tese, alavancar o valor de venda da Cedae e de outras estatais do segmento, reconhece Butto. Ainda na administração de Luiz Fernando Pezão, antecessor de Witzel, o Estado defendia um modelo que subconcessões em que a Cedae ficaria com todo o serviço de distribuição de água e a captação e tratamento de esgoto ficaria a cargo de outras empresas. O governo fluminense acabou tendo de abrir mão dessa alternativa para assinar o RRF.

Por meio de sua assessoria, o BNDES informou que apresentou ao governo fluminense em dezembro de 2018 a primeira fase da modelagem do processo de desestatização da Cedae. Falta ainda a conclusão de uma segunda etapa.

 

 

Conselho do Regime de Recuperação Fiscal se queixa de atraso na venda da Cedae

Camilla Pontes

18/06/2019

O Conselho do Regime de Recuperação Fiscal divulgou, nesta segunda-feira (dia 17), um parecer em que se diz insatisfeito com o governo estadual por conta do atraso de, pelo menos, nove meses para efetivar a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae). O órgão mostra preocupação com a possibilidade de a privatização não acontecer.

Considera-se que, decorrido um ano e três meses de execução da medida que visa à desestatização da Cedae, esta caminha de forma insatisfatória, considerando o atraso de pelo menos nove meses no cronograma de execução do contrato”, informa o documento elaborado pela equipe técnica.

No terceiro parecer emitido sobre a companhia, o conselho identificou três fatores de risco que podem impactar o processo de desestatização: a arrecadação dos recursos da venda não acontecer até 19 de dezembro de 2020; o valor da venda ser menor do que o previsto pelo Plano de Recuperação Fiscal do Rio, e a venda não ocorrer.

Entre as dificuldades relatadas pelo conselho estão a necessidade de, antes da venda ocorrer, ter que alterar a legislação estadual e/ou municipal e o estatuto da Cedae; as ações judiciais contra a privatização; o tratamento a ser dado aos passivos ambientais; o alto grau de inadimplência pelos clientes, chegando a 49%, no pagamento dos serviços de fornecidos pela companhia; a complexidade da situação jurídica que envolve a manutenção das concessões entre os municípios e as empresas sucessoras da Cedae; o cenário econômico desfavoráve; entre outros motivos.

Procurado, o governo do estado ainda não se manifestou sobre o parecer.

Ações foram garantia para empréstimo

Em 2017, as ações da Cedae foram a garantia para o Estado do Rio conseguir um empréstimo de R$ 2,9 bilhões com o banco BNP Paribas para efetuar o pagamento do funcionalismo. A medida foi aprovada por lei. O contrato para desestatização e venda da companhia foi feito entre o governo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o consórcio composto pelo Banco Fator, Concremat Engenharia e VG&P Advogados.
Em dezembro de 2018, a Alerj chegou a aprovar uma lei para impedir a venda da Cedae, mas o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) aprovou o pedido de liminar na ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RJ) para invalidar a lei.

Adutora da Cedae se rompe em Nova Iguaçu

 

Por G1 Rio

Uma adutora da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) se rompeu na noite desta segunda-feira (17) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

O rompimento ocorreu na Rua São Sebastião.

Bombeiros do quartel de Seropédica foram acionados para o vazamento. De acordo com a corporação, a água atingiu algumas casas, mas ninguém ficou ferido.

Por volta de 19h, os Bombeiros informaram que o vazamento já estava sanado.

Segundo a Cedae, técnicos estavam no local por volta de 19h30 para realizar o reparo e a Segurança Patrimonial iniciou a avaliação de danos a serem ressarcidos.

Governador diz querer ‘privatizar a Cedae toda’

17/06/2019

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou nesta segunda-feira que pretende privatizar inteiramente a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Parte das ações da empresa foi dada como garantia à União para o caso de o Estado do Rio não conseguir quitar um empréstimo de R$ 2,9 bilhões feito junto ao banco BNP Paribas – a operação tem como garantidor final o governo federal. “Quero privatizar a Cedae toda, porque vai me dar realmente condições de fazer o saneamento básico em todo o Estado do Rio”, justificou Witzel, durante seu discurso no evento de posse da nova diretora da AmCham Rio, num hotel do Leme, zona sul do Rio de Janeiro.

Vizinhos do desperdício: na Baixada sobram vazamentos e falta água

Cíntia Cruz

17/06/2019

 

Litros de água são desperdiçados. Essa é a realidade em pelo menos quatro das maiores cidades da Baixada Fluminense. E, no bairro Vila Rosali, em São João de Meriti, o vazamento chega a afetar a rede de abastecimento e dezenas de famílias estão com as torneiras secas. Resultado: como o problema não é resolvido, moradores pegam água no própio local do vazamento.

É o que tem feito o ajudante de refrigeração Anderson Marinho, de 43 anos. Com garrafas e baldes, ele se dirige ao vazamento no cruzamento da Rua Dr. Mário Cabral com a Avenida Fluminense.

— Da Avenida Fluminense para cima, os moradores da Mário Cabral estão sem água há um mês. Não tem nem para cozinhar. A gente está pegando aqui — conta Anderson.

No local, segundo moradores, uma válvula quebrou e a Cedae não trocou a peça. Como um buraco fica aberto, algumas crianças chegam a se banhar no local.

— As pessoas podem até ser atropeladas. Essa água acaba se misturando com água de chuva. Ela não está pura. Eu tenho hidrômetro, pago conta e ainda tenho que pagar R$ 400 por um caminhão-pipa? — questiona, indignado, o aposentado Almir Marinho de Oliveira, de 66 anos.

No bairro Caonze, em Nova Iguaçu, um vazamento de um mês também virou motivo de preocupação para os moradores da Rua Padre Dinart Passos. Sem resposta da Cedae, um deles chegou a tentar resolver o problema por conta própria.

— Ligamos para a Cedae duas vezes, e percebemos que começaram a estourar vazamentos em outros lugares. Um vizinho trouxe uma pessoa para resolver, mas não conseguiu. E isso vai abalando a estrutura das casas, pois vaza para dentro do solo — diz a cabeleireira Elisângela Souza, de 48 anos.

Em Duque de Caxias, no Parque Duque, o vazamento é na esquina das ruas Floriano de Godói e Xavier Pinheiro. A auxiliar de governança Jandira Elias dos Santos Marques, de 59 anos, revelou que o vazamento já foi denunciado à Cedae mais de dez vezes.

— Há três meses, teve uma obra de asfalto aqui para tapar buraco. Há um mês, começou o vazamento. Os vizinhos ligaram e reclamaram. A Cedae mandou um carro. Os funcionários olharam e foram embora. Dá pena de ver uma água tão limpa indo embora assim — lamenta Jandira.

Parque São José: vazamento e crateras na pista

Em Belford Roxo, na Avenida Automóvel Clube, no Parque São José, além do vazamento de água, moradores reclamam ainda dos diversos buracos na pista.

— O vazamento já está há quase uma semana lá — revela um morador que, com medo de represálias, prefere não se identificar.

Dos municípios citados, apenas Nova Iguaçu informou dados sobre os vazamentos. De acordo com a administração municipal, há cerca de 60 buracos provocados por vazamentos da Cedae na cidade.

Em nota, a companhia informou que enviaria equipes neste fim de semana aos locais informados nas cidades de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti. Em relação a Belford Roxo, a companhia disse que o serviço de reparo está programado para esta semana.

Apesar de ter sido questionada sobre a quantidade de vazamentos de água na Baixada Fluminense este ano, a companhia não informou o número de registros desse tipo de problema na região.

 

Novas demissões na Cedae

5 de junho

A Cedae teve novas demissões ontem. A que mais chocou os cedaeanos foi a do presidente do Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Público e Meio Ambiente do RJ, Flávio Guedes.